Alameda dos Oceanos

O Universo não é ideia minha. A minha ideia de Universo é que é ideia minha (Pessoa)

novembro 30, 2004

Barnabé já não vai para o Expresso


O barnabé, cujo "animador" é Daniel Oliveira, vai poder continuar com o seu farol em pleno.

O acto do Presidente não só congela o Orçamento, as SCUTS e as Rendas como também a entrada de novos comentadores no jornal institucional: já fazem falta outra vez os amigos do Pedro.



Quantos pelos tem o gato?


Ele, o nosso PR, arrependeu-se de não ter feito o que fez hoje, logo no momento seguinte ao anúncio feito em Julho sobre a estabilidade e etc...

Esteve "atento" a partir daí, na verdade sempre á procura do dia em que pudesse emendar o erro. Demorou 4 meses.

Aconteceu agora alguma coisa que não tenha acontecido durante todo o Verão ? de confusão em confusão, de disparate em disparate, só ele não via?

Quantos pelos tem o gato, acabado de nascer? Um dois, três, quatro !






Pai, já não sou ministro


Nesta hora difícil para cerca de 2 milhares de portugueses, que deixaram assessorias, mordomias e até ministérios, secretarias de estado, adjuntos de adjuntos, e por aí fora, uma palavra de carinho e esperança: não são os únicos inúteis do país.


novembro 28, 2004

Stella sperduta


Stella sperduta
nella luce dell´alba,
cigolio della brezza,
tepore, respiro
é finita la notte.

Sei la luce e il mattino




Modigliani (Nudo sul divano)

Lançamento do Disco


O Ministro do Desporto e Juventude apresentou hoje à tarde a demissão. Esteve 5 dias à frente da pasta dos Desportos mas deixou indelével marca ao receber delegação do SLB e ao mostrar grande cortesia ao não lançar pela janela fora um DVD onde se presume estavam imagens do "roubos" com que a arbitragem tem presenteado o clube.

Estará agora arrependido, dado que se defenestrou a si próprio do Governo, sem dúvida em virtude desse acto falhado.

A estabilidade ansiada pelo senhor Presidente da República continua a fazer vítimas. Mas nós todos somos a principal vítima.


Paranoia controlada e a cores


Agora já é possível saber a quantas andamos, no que respeita ao nível de terror em que os Estados Unidos (e todos nós, claro) estão.

Se houver dúvidas sobre quão aterrorizados estamos ou devemos estar, basta consultar o indicador que passa a estar on-line aqui na Alameda, aí mesmo à esquerda.

Tudo graças à Sociedade Intelectual Subversiva, a verdadeira autora do Código da Vinci.

novembro 26, 2004

Mausoléu em construção em Almada


O funeral mais triste deste fim de semana tem como coveiro o "novo" secretário geral do PCUS, perdão, do PCP. É um enterro feito com a devida vénia e a lentidão própria de quem demorou a morrer e merece respeito.

Um renovador se perfila já no horizonte: Carvalhas, um reveille, apenas mais tardio do que as outras bêtes noir. E tão inútil para a política futura como os outros.

Cunhal mandou saudades, Carlos Costa lambeu os beiços ensanguentados.



Camaradas Yanu & Yousc


Dois ursinhos de peluche encontram-se e diz um para o outro: sou filho do Urso. Eu também, responde o outro, puxando da faca, cínico



novembro 25, 2004

Lua Cheia, Quinta Feira


Altura para fazer preces, invocar almas, passear pela noite escura entre árvores sibilantes, como um mergulho num tanque gelado



Pollock (1912-1956)The She-Wolf
1943 The Museum of Modern Art, New York

novembro 24, 2004

Pode dizer-me que dia é hoje ?


Estamos aqui todos à procura de uma forma escrita, e ilustrada, de dizer como é inútil o esforço.

Continuemos, pois.





ROY LICHTENSTEIN
REFLECTIONS ON HAIR
1990

novembro 23, 2004

Nem mais um soldado para as colónias


O Pedro promete que não manda mais ninguem para o Iraque, e também promete que era a brincar aquela coisa de querer estar no poder até 2014 ! É o nosso Pedro, não é ? sempre um charme na brincadeira.

Ah! e aquele senhor do bigodinho que diz que estava mais gente em Canas de Senhorim a bater em meia dúzia de senhoras do que o batalhão da GNR no Iraque também é dos nossos. Julgavam que era a sério, não ?



http://kuentro.weblog.com.pt/

Quero ir ao MoMA !




Roy LICHTENSTEIN
I Love Liberty
1982




Cleopatra e Marco Antonio


CLEOPATRA: [to Antony] If it be love indeed, tell me how much.
ANTONY: There’s beggary in the love that can be reckoned.
CLEOPATRA: I’ll set a bourn how far to be beloved.
ANTONY: Then must thou needs find out new heaven, new earth.
(I.i.14–17)

Quatro horas é o tempo que Joseph Leo Mankiewicz montou para Cleopatra (1963). Recomendo a escolha de um domingo à tarde, recomendo ver e recomendo olhar com atenção para as cenas entre Rex Harrison (Julio Cesar) e Elisabeth Taylor (Cleopatra). Sem menosprezar as cenas entre a rainha e Richard Burton. Tem que se ultrapassar alguma repulsa pela música estridente, ouvindo melhor o encantador hábito da abertura musical (cena em branco), o intermission (mais música e cena em branco) e o final (tb em branco).

É um filme "teatral", no sentido em que o diálogo é de longe mais importante e dominante que algumas cenas de batalha (poucas). É afinal uma adaptação da peça de Shakespeare, muito livre.

Não é um filme de aventuras, é um filme razoavelmente dedicado ao confronto ocidente-oriente, datado pela epoca dos peplum (nome derivado da túnica das mulheres da época, com duas faixas seguras por medalhões a segurar o vestido ondulado nos ombros), de que são exemplo a Queda do Império Romano e Spartacus.






novembro 22, 2004

Eu não sou totalmente a favor, hem?

Nesta frase, mesquinha, se depositam as vestes de quem quer dizer bem de alguma coisa ou alguem, mas receia comprometer-se, ou melhor, ser confundido(a) com alguma coisa ou alguém de cujas posições, políticas ou futebolísticas, o sujeito receia a mistura ou a visão dos outros.

Isto vem a propósito de milhentas coisas, embora iluminado pela forma como os autores de blogs elogiam alguns "concorrentes". Sim, concorrentes, porque se o Abrupto fala do Aviz ou este fala da Causa Nossa, ou o Barnabé fala dos Jaquinzinhos, é de concorrência que se trata.

Dizem sempre: parabéns! pelos anos de vida ou por aquela opinião. Mas só aquela, hem?

Um dia algum há-de propor uma Alta Autoridade para a Concorrência.




novembro 20, 2004

Pianissimo



Nos tempos em que eu era fundamentalista da música barroca em instrumentos originais, desconhecia quase por completo Glenn Gould, que tocava Bach em piano, quando seria quase só admissível o cravo! Ainda bem que mudei de ideias e comecei a comprar Gould. Exemplo, em audição esta noite na Alameda: as English Suites.



novembro 19, 2004

Lenços de Amor


NESTE LENCO DEPOSITO AS LA CRIMAS OU POR TI CHOAIO UE NÃO POSSO LOCRA ROS BRACOS DO BEM QUE ADORO



Uma descoberta do Abrigo de Pastora

Carvão no Porão




Em leitura nocturna, TinTin hoje na Alameda, enquanto Vitorino Nemésio repousa mais algum tempo na mesa de cabeceira.

novembro 17, 2004

Bons Sonhos


Não é uma depressão, é apenas uma doce tristeza




Roy Lichtenstein Kiss V, 1964



Alta Inutilidade


A Alta Autoridade, do alto em que por estatuto e designação se coloca, anunciou que o "Governo fez pressão.. blablabla"-
Disse o que já todos sabiam, numa altura em que já ninguem queria saber mais, porque já estava digerido para a contenda seguinte eleitoral, e só enche mais umas páginas de jornal. Com a voz balbuciante, o outrora enfant terrible dos jornais, leu, com os óculos na ponta do nariz, o comunicado óbvio e esperado.

Percebe-se o jeito que dão estas "Autoridades" aos governos. Põem uma pedra nos assuntos incómodos, justificam a sua existência e proclamam "verdades" que supostamente legitimam o que a Comunicação Social (na sua "baixa" autoridade) já tinha dito e redito.

São mais uma das faces da inutilidades que são as Altas, ou tão só, autoridades. A da "concorrência" supera qq imaginação mais fértil: 30 juristas e 25 economistas defendem agora as estações de serviço de abastecimento de combustível nas "grandes superfícies". Assim que este disparate fizer carreira, passam a defender a "autonomia" dos revendedores face ao "poder macrocéfalo dos grandes distribuidores" !

Vai uma apostinha ?

novembro 16, 2004

Fixando a imagem, esta acaba por perder importância




Roy Lichtenstein (New York Oct 28, 1923 - Sep 29, 1997)

"Agora está mesmo morto"


Na guerra, sempre infame, como pode ser surpresa a infâmia da morte dos indefesos ? Porque uma câmara vale mais do que mil ideias?

Porque os "valores morais" da américa embushada servem também para se autodesculpabilizar com os "desvios" de um jovem qualquer lançado para a guerra.

O código da guerra é este.





Deus me perdoe !


Atirar-se assim ao colo da intuição, meu caro! Muito má ideia. E depois quem pode perdoar? Isso faz falta.

Não, não vale a pena invocar Deus, que por acaso nem existe, como sabe bem.

Haja alguém que nos perdoe, mesmo que seja a meio da noite e consiga ver-nos de olhos abertos a sonhar.


novembro 15, 2004

Um tempo alegremente incerto

Podia estar à espera de um barco que me levasse, a alma animada pelas coisas que se não conhecem e que nalgumas partidas se revelam intensas e felizes, antes de tudo ou alguma coisa se passar.

Poderia olhar em volta, as paredes e as pessoas, e ficar com pena de as deixar por algum tempo (um tempo alegremente incerto), olhar para as minhas coisas e pensar que vão ficar sozinhas por algum tempo (um tempo alegremente incerto).

Poderia descer até ao jardim que fica a bordejar o rio e pensar que haveria momentos, lá onde quer que estivesse, em que seria impossível apanhar pequenos pedaços de madeira e brincar com os cães. E teria essa nostalgia, que agora anteciparia, uma leve impressão no estômago, vacilando por um breve momento.

Poderia não dormir já três dias antes com a ansiedade, antecipando odores, paisagens e outros seres.

Mas não vou a lado algum, o caminho e a porta voltarão a ser os mesmos, antes ainda que seja visitado por um tempo alegremente incerto.

novembro 14, 2004

Quatro minutos antes


Abro o armário para tirar uma chávena, mas são longos os momentos em que o utensílio paira nas minhas mãos, parece um desfalecimento, parece que param os segundos pela recordação. Noutro tempo, sempre outro tempo.

Tenho tudo controlado, as horas, a roupa abandonada numa cadeira, os livros abandonados no chão, sei quantos e quais são, as páginas onde parei, onde, como num simples gesto de pôr chá, fugi do livro e andei por aí. Sei se faz frio lá no fundo da casa, ou se está quente e confortável a cadeira onde escrevo.

Sei isso e muitas coisas mais sobre o tabuleiro onde repousam as coisas depois de longo tempo de preparação, prontas para serem consumidas. Mas o tempo depois disso é rápido demais, fico com pena de não poder voltar a quatro minutos antes, onde aqueles gestos simples eram os meus gestos de há quatro minutos.

Gastei quatro minutos a escrever algumas linhas, destrutivas. E sempre, sempre, acabo por não poder lamentar nada, sei que foi tudo por escolhas rápidas, sem pensar muito. Assim, acordo de novo, como se dormitasse como um velho a quem os momentos são indiferentes e a memória é tudo, não sabendo que tempo passou, mesmo que saiba quanto tempo passou.

Quando amanhã percorrer de novo sem pensar os metros que me separam das coisas simples das manhãs, serão de novo as torradas e o café e o sumo de laranja, com uma só chávena e um só copo.




novembro 12, 2004

Garbarek voltou

Personnel: Jan Garbarek, Kim Kashkashian, Manu Katché

Much of the success of In Praise of Dreams is attributable to Kashkashian, viola, who, with a warm and haunting tone, is the perfect foil for Garbarek's more frigid timbre. Like Garbarek, she seems dedicated to finding the right phrase, the perfect inflection, to give the material substance. And like Garbarek, she places the intent of the material before her own ego and, consequently, aims instead for a simple purity that makes for an engaging listen while still managing to reveal many layers on subsequent plays.

(in All About Jazz)



novembro 11, 2004

Detestar





I hate how U've changed


Detestar, discutir, arremessar, encurralar, verborreia do deserto dos diálogos,

novembro 10, 2004

K.A.F.




You Are Far
When i could have been your star
You listened to people
Who scared you to death, and from my heart
Strange that you were strong enough
To even make a start
But you'll never find
Peace of mind,
Til you listen to your heart

People
You can never change the way they feel
Better let them do just what they will
For they will
If you let them
Steal your heart from you
People
Will always make a lover feel a fool
But you knew i loved you
We could have shown them all
We should have seen love through

Fooled me with the tears in your eyes
Covered me with kisses and lies
So goodbye
But please don't take my heart

(George Michael)



Sonhos


Falling

novembro 09, 2004

Regresso ao Futuro (VII)


A promessa da terra comum

A expectativa do acordo entre Israel e a OLP ontem assinado na Casa Branca é tanta que os protagonistas parece que se esforçaram, nas suas declarações, por explicar ao mundo que tudo é ainda uma promessa. Por cumprir.



1993 - 14 de Setembro
Público - 300 primeiras páginas

Boa noite às palavras aí em baixo


Da entrevista ao Publico, na comemoração dos 25 anos da carreira de António Lobo Antunes :

P - O que é que fez que gostava de não ter feito?

R - Não ter magoado pessoas que magoei; não ter sido desatento em situações de amor (amor homem-mulher, amor com os filhos, amor com os amigos); a pouca disponibilidade para as pessoas, por exemplo amigos doentes. Eu ia lá muitas vezes. Mas devia ir mais.





Fui ali e já voltei...


Graças a uma sugestão do Vilacondense agora tenho uma imagem dos países onde estive. Um pequeno passo para a humanidade mas um passo interessante para mim.

Não contam repetições e as manchas americana, canadiense e brasileira são bem menores ...

Reparo que uma curiosa mancha branca no sul da África me diz que não estive no Lesotho



Aqui

novembro 06, 2004

Anima mia


Anima mia
chiudi gli occhi
piano piano
e come s'affonda nell'acqua
immergiti nel sonno
nuda e vestita di bianco
il più bello dei sogni
ti accoglierà

anima mia
chiudi gli occhi
piano piano
abbandonati come nell'arco delle mie braccia
nel tuo sonno non dimenticarmi
chiudi gli occhi piano piano
i tuoi occhi marroni
dove brucia una fiamma verde
anima mia.

Nazim Hikmet
(1902-1963)




Do mundo nada sei

Se eu soubesse alguma coisa do mundo
Saberia que não voltam a circular os mesmos triciclos
Que não voltam a abrir-se outra vez aquelas janelas
E que nunca saberei de que se fazem os movimentos circulares das nuvens

Se eu soubesse alguma coisa do mundo
Não teria saido da praia ou de uma porta
Ou mesmo de um bar ao fim da noite
Para contemplar o frio das suas lágrimas

Se eu soubesse alguma coisa do mundo
Apanhava aquelas lágrimas todas, guardava numa arca
Enterrada tão fundo no mar que nem mesmo
Eu a pudesse de novo abrir e repetir o crime

As visitas que os outros nos fazem


Não estamos avisados das visitas que os outros nos fazem. Não sabemos quando, no meio de um café barulhento, numa praça que atravessamos apressados ou numa noite em que regressamos a casa, alguém que um dia conhecemos nos surge numa imagem que quase nos faz desfalecer.

Não estamos avisados que, no dia em que conhecemos alguem que fazia parte do nosso dia a dia, é possível saber que vai desaparecer e deixar de nos tocar.

Mas não estamos avisados para isso. E se essa imagem nos fizer desfalecer e olhar de forma triste o que nos rodeia, paramos. Afastamos a nuvem que nos cobre os olhos e procuramos à volta quem nos protege.



novembro 03, 2004

Ohio


Não há mundos à medida das vontades.
Ninguem votou nas eleições americanas, salvo a América. São os conservadores e idiotas do "profundo interior" que ganharam, liderados por um homem inacreditável, mas são eles que vão mandar. Respeite-se mas tema-se o pior.

Não há aviões carregados de advogados a caminho do Ohio que salvem a situação óbvia: Bush ganhou com cerca de 3 milhões de votos mais do que JK




novembro 02, 2004

Comentários do blog de Kerry / Edwards


News, news, news! I'm desperate for news! I'm stuck here at my school which is a polling place, as the person "in charge". I can't do anything, except get online every now and then. We have had a good turnout in this neighborhood. It's a cold, rainy day here in Central Texas. What is happening in the rest of the world???

Posted by: efaker on November 2, 2004 05:39 PM

Há 15 minutos atrás havia euforia nas hostes JK / JE

Sondagens dão vantagem em votos eleitorais para Kerry (os que contam), e vantagem ligeira em votos totais para Bush

novembro 01, 2004

A Comédia Humana


Pomar descreve o acto de pintar como uma viagem ao desconhecido sem um fim previsível, na qual procuramos "aproximarmo-nos o mais possível dessa coisa de que nem sabemos o nome"




"Baudelaire, Poe, Mallarmé e Pessoa" (1983)

Exposição no CCB até 2.Janeiro.05
(texto acima retirado do catálogo da exposição)
Para ver uma e outra e outra vez




Amizades


Vesti o impermeável, fui à cozinha buscar a trela (que levava comigo apenas por precaução), e recebi as habituais manifestações de alegria. Desci a escada como sempre fazia, e ainda a noite dominava esta parte do mundo quando avançámos os dois pelo jardim e pelo rio. Para o cão era o início de dia habitual. Para mim era a última vez que o levava a passear.

Não o revejo agora porque na altura não soubesse que era a ultima vez, no sentido em que muitas vezes reflectimos sobre coisas que mais tarde acabamos por saber ser a derradeira vez que as fazemos. Revejo-o agora porque sabia nesse dia que não o voltaria a fazer. Quando voltei e coloquei a trela (que levava comigo apenas por precaução) de novo na cozinha, sabia perfeitamente que não voltaria a repetir aqueles gestos.

E assim foi, ainda hoje sem saber se um cão pensa e se sente hoje a minha falta. Eu sinto.

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