O admirável mundo dos vizinhos

Um vizinho é um ser que:
- Vive para nos incomodar, porque abre a porta quando vamos justamente a sair
- Entra no elevador quando vamos a descer e calmamente fazemos caretas para o espelho, que disfarçamos em esgares
- Tem visitas em casa e faz barulho, naquele dia em que não queríamos mesmo que ele existisse
- Sobe no elevador com as crianças aos berros, fartas de 2 horas de automóvel
- Adora bricolage e portanto no sábado às 8h está de berbequim em punho preparando-se para furar
- Olha para nós de forma estranha, desconfiando que temos uma actividade qualquer não menos estranha

Nas assembleias de condóminos o ambiente é de cortar à faca porque:
- Há sempre um chato de um vizinho que resolve falar da porca da fechadura que não roda e disserta 30 minutos sobre o assunto
- O nosso prédio é sempre o pior, apesar de estar "inserido numa zona de prestígio"
- A manutenção do elevador é cara e foi mal negociada pelo vizinho administrador anterior.
- Os vizinhos estão ensonados e mal dispostos porque estão ali a fazer um frete, afinal para às 2 da manhã finalmente se votar pela compra de um vaso de flores para a entrada

Se é normal dar um cartão de visita, telemóvel, e-mail e todos os contactos possíveis e imaginários a qualquer desconhecido, isso não é verdade com os vizinhos. A esses deve evitar-se dar qualquer forma de nos incomodar, seja a que pretexto fôr.

Se é normal comunicar por e-mail, isso não é verdade na comunicação entre vizinhos, ou entre vizinhos e o "administrador": mesmo que saia de um 3º direito para um 3º esquerdo a carta com aviso de recepção é posta no correio, sai do prédio e entra outra vez passados 2 dias, e mesmo assim é preciso que o vizinho lá esteja para a receber, caso contrário volta a sair do prédio e reentra mais tarde no local de onde saiu.

É proibido sorrir para os vizinhos e eu faço figas para que nenhum tenha comprado uma pistola para descarregar no atrio.
Claro que isto é tudo verdade "numa zona de prestígio" da cidade de Lisboa.