Eu também escrevo poemas
Se me doer alguma coisa
Se puser em relevo o sentimento do dia
Se acaso me doeu o espelho
Se a véspera de natal me assaltar
Se olhar uma fotografia de há um mês
Ou do século passado.
Eu também escrevo, pondo em relevo
Também versejo, como gracejo
Eu também me odeio, quando me pavoneio
Também me engano, como este ano
O ano passado, que não passou
Enrolou, estendeu para o ano
Não era preciso ser diferente, nem coerente
Apenas reluzente quando não ardente
E assim indiferente, teclo improvisos
Para serem os meus avisos