Alameda dos Oceanos

O Universo não é ideia minha. A minha ideia de Universo é que é ideia minha (Pessoa)

dezembro 28, 2004

Regresso de Phuket


Um pouco enfastiado com a perspectiva do final das festividades, anunciei a uns quantos conhecidos e colegas que partia de férias para a Tailândia, para uns dias de "merecido repouso" ou "carregar baterias" ou outras frase boçais que servem para dizer nada. Esperava assim ter uma razão mesmo boa para não ler e-mails, desligar o tlm ou mesmo ir de férias sérias nem que fosse em casa.

Ontem, passeava por Belém, na tarde ventosa a pedir café quente, quando dou de caras com um "desses".

- Então, então? olhou-me esbugalhado ! Como é que foi, como é que foi?? Está inteiro, já vi!

Por momentos pensei que o personagem estava a passar mal, coisas de natal, copos ou assim.

Mas no minuto seguinte, a minha côr mudou. O castigo tinha chegado.

É mesmo feio mentir. Não mintam não mintam.

dezembro 26, 2004

Colateral



Edvard Munch (1863-1944)
The day after

O dia seguinte


As previsões pessimistas têm esta vantagem: nunca a realidade as ultrapassa. Feliz Natal !
(já passou?)




Jan Steen (1626-1679)
In Luxury Beware - 1663
Gemäldegalerie, Kunsthistorisches Museum, Vienna

dezembro 24, 2004

A quem pertence o NATAL




Cornelius de Vos
Magdalena and Jan-Baptist de Vos, c. 1622

Este NATAL dizemos não às peles





Rubens, Helene Fourment in a Fur Coat

dezembro 21, 2004

Orfeu: o segundo olhar


Orfeu participou da famosa expedição dos Argonautas. Durante a viagem, apaziguava as ondas com sua música e, com ela, conseguiu até anular o efeito do hipnótico canto das sereias e salvar o navio.

A mais famosa lenda de que participa é a da descida ao Hades à procura de sua esposa Eurídice, que havia morrido acidentalmente, picada por uma serpente. Com sua arte, Orfeu encantou monstros, as sombras dos mortos, o barqueiro Caronte e até os deuses infernais, Hades e Perséfone. Eles aceitaram devolver Eurídice aos vivos desde que o poeta deixasse o Hades, seguido por ela, sem olhar para trás uma única vez. Atormentado pela dúvida, porém, Orfeu não resistiu e pouco antes de sair olhou para trás. Eurídice teve que retornar e o desolado músico, por sua vez, voltou ao mundo dos vivos.

Algum tempo depois, por razões mal esclarecidas pelas diversas lendas, morreu esquartejado por um grupo de mulheres enfurecidas, as mênades. A cabeça de Orfeu caiu no mar e chegou até a ilha de Lesbos, onde os habitantes ergueram um túmulo de onde, dizia-se, era possível ouvir com freqüência o som de uma lira...

Orfeu foi levado aos Campos Elísios, e lá entretinha os bem-aventurados com sua música; a sua lira foi transformada pelos deuses em constelação.




Landscape with Orpheus and Eurydice, 1650
Nicholas Poussin (1594-1665)

dezembro 20, 2004

Obrigado igualmente





"Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações, deseja a V. Ex.ª e família um Bom Natal e Feliz Ano Novo"

dezembro 19, 2004

Madonna Pellegrina


No one told me about her
Well, it’s too late to say you’re sorry
How would I know, why should I care
Please don’t bother trying to find her
She’s not there...


Ressaca (com culpa)




Caravaggio, Sick Bacchus, c.1593,
Borghese Gallery, Rome.

Traição: culpa e redenção

Aqui, nesta imagem, começa a história, da culpa, sem culpa formada, de quem traiu. Como uma imagem se fez clara no cérebro, criou um impulso e obrigou a acção.

Deus, ali e aqui, e agora, não perdoou. Um soro da verdade, a "verdade inquestionável", eis a deliciosa presunção de que há uma verdade, um juiz, químico ou humano capaz da destrinça.

Mas não há retorno para uma traição da qual não há quem peça perdão.




The Betrayal of Christ
Caravaggio, 1602

Duas ou três razões para deixar entrar a Turquia


1. As turcas
2. A europa às portas do Iraque
3. Os turcos

dezembro 18, 2004

A questão (não é) Turca


Che faró senza Euridice ?


Che farò senza Euridice?
Dove andrò senza il mio ben?
Che farò? Dove andrò?
Che farò senza il mio ben?
Dove andrò senza il mio ben?

Euridice! Euridice!
Oh Dio! Rispondi! Rispondi!
lo son pure il tuo fedele.
lo son pure il tuo fedele, il tuo fedele.

Che farò ...?

Euridice! Euridice!
Ah! Non m'avanza
più soccorso, più speranza,
né dal mondo, né dal ciel.

Che farò ...?

dezembro 17, 2004

Mais na tal


Bem, não sei, respondi quando alguem me perguntou porque não tinha arvore de natal em casa.

Mas a verdade é que sei que andei a passear por lojas, peguei em veados feitos de corda, coloridos, pais natais ukranianos, bolas chinesas, luzes portuguesas, enfeites multicores, mas nada trouxe. Não sinto nada, não sinto que tenha nada para festejar, e tb acho esta paralisia entediante. Não vale uma segunda leitura.



dezembro 14, 2004

Começa aqui o Natal


Neste Natal deprimente que se aproxima, vou apenas decorar o blog
Vou fazer imensos posts dedicados ao natal, até ter a certeza que não sei mesmo o que é o natal.

dezembro 12, 2004

Captivo


O que é um poema de amor?
Uma coisa que sai de uma leve impressão da alma?
Uma pequena dor?

Ou um olhar para uma coisa vulgar
E ver com espanto essa coisa mudar?



Paul Klee - Captive (1940)




dezembro 11, 2004

Regresso ao futuro (VIII)

Sampaio já tem equipa a funcionar

Jorge Sampaio tem-se reunido com um grupo de reflexão. Os encontros são informais e em sua casa. Brederode Santos, Lopes Cardoso, Ferro Rodrigues, António Costa, Jorge Coelho, Perez Metello e José Gameiro são os membros do grupo, que tem definido as iniciativas do candidato.



1994 - 16 de Dezembro
Público - 300 primeiras páginas



Cuidados primários



What Type of Lover Are You?



dezembro 10, 2004

Forse una volta tanto...


(talvez de vez em quando)

io
le mordevo la lingua
lei mi prendeva a schiaffi io la tenevo
da qualche parte e lei
lei mi giaceva appena
dentro col mondo intorno
che s'inceppava o girava eravamo
lì per passare il tempo ove possibile
a vanvera del resto
che c'importava
il resto
era dimenticato

Dario Villa- 1953-96





Modigliani - Donna con la cravatta

A última forma do anarquismo


Alguns, em legítimo uso da sua faculdade de reflexão, e que até é louvável, gostam de falar de blogs, sobre o fenómeno, sobre quem são os autores, sobre o que escrevem, uma epistemologia da comunicação aos pedaços, do bloco de notas publicado, etc...

Outros, ávidos de prever o futuro, oráculos modernos, visionários (porque usam óculos), prevêm recorrentemente o fim dos blogs, ou outros, mais timoratos, a sua dissolvição em especialidades e outras baboseiras.

A uns e outros respondo de um forma singela: não chateiem a liberdade de expressão, esta coisa anárquica de vir para aqui dizer das mágoas, das políticas, das teses, da arquitectura, da literatura, do cinema, dos idiotas, e acima de tudo os disparates todos que passarem pela cabeça de cada um.

Aos primeiros dou-lhes uma dica para investigação: vejam os que acabaram, descubram que os ambiciosos de notariedade acabam por dar tiros no seus espaços cultivados para serem grandiosos, sempre em busca do que apenas poucos conseguiram até agora. E vão manter, mais não fosse por respeito pelos muitos milhares que os lêem

Eu fico aqui muito bem na 3ª divisão regional, que também tem de respeitar os poucos que os visitam. Por respeito e amizade.



dezembro 08, 2004

Coração de Leão


Vincent Price.
A voz, ouvida em "thriller", do has been jackson. e ouvida em filmes de "terror". A voz certa no filme certo, vinda de um coração de leão, na melhor realidade que conhecemos: o cinema.


dezembro 07, 2004

Novembro 7, Domingo, 2004


Arrumou as coisas que fazem parte do que carrega todo o ser quando se ausenta de um lugar a que chama seu. Arrumou mal, crê agora, as memórias que reconstrói todo o ser que revive todos os dias. Esse dia foi como todos os dias o dia da restauração das coisas, da sobrevivência da dúvida matinal confusa, que um mistério revela alegre por vezes, sem que explicação haja para tal.

Era muito cedo ainda, mas como também todo o ser que vive, não percebe que alguns dias estão destinados a ser recordados, efémera glória e distinção, perante tantos outros dias, mortiços, sem alma.

Quisera o homem, aflito, ser dono do seu destino, mas é um homem absurdo, habituado a ser cruel consigo próprio, perplexo perante esta sua habilidade, que domina mal, e que é um mal.

dezembro 06, 2004

Aqueles que por obras e ditos espirituosos se vão da lei da morte libertando


Que dos feitos "valerosos" tenhamos a memória e a crítica, mas que não duvidemos que dos espíritos cultivados veio e poderá vir o melhor de Portugal.

parabéns senhor doutor






dezembro 03, 2004

Metrosex and the city


um tipo que põe quadros no blog, poemas no blog, apelos aos amores perdidos á chuva, gritos de terror pelo governo, cartoons e recomenda músicas do romântico mais pungente é um metrosexual? Nããããoooo! mas leia a Vogue e não perca a definição mais lúgrube: o metrosexual é um heterosexual urbano, com tiques..bem... não digo !

Aprender sempre com as amigas informadas !




Manhã (sounds from the Thievery hi-fi)


(mañha, escrevem eles e encounter in bahia)

mas que belissima manhã. E pouco passa da meia-noite.







dezembro 02, 2004

Nem mais um soldado para a Polónia

As carpideiras do costume já começaram há mais de 24h a debitar as razões pelas quais "este país", "só neste país", "assim não vamos a lado nenhum", no registo fatalista que desde o tempo de Eça está mais do que bem caracterizado.

Do lado direito vem o lamento das elites escondidas que estariam altivas e amuadas com "o estado do país", o apelo à maioria estável, ao governo de iniciativa presidencial (volta, Eanes!).

Do lado esquerdo as razões "há muito anunciadas" do que é preciso fazer. Não tenho encomenda dos senhores, nem milito lá (nem noutro lugar) mas o PS tem tido o mais razoável dos discursos, por muito que se empurre Sócrates para o lado do "santanismo esclarecido" que ele não é.

Dentro disto vêm os apelos dos senhores da guerra, os empresários que apelam á salvação nacional, ao bloco central de poder, como se isso existisse alguma vez, a não ser na democracia "orgânica" ditatorial.

Há também o apelo patético da paz e amor dos hippies dos cabelos brancos compridos atados com lacinho, ou da rugosa senhora com lenços de linho atados em várias voltas ao pescoço.

Mas a mais comovente das lamúrias centralistas vem do dono do grupo Jerónimo Martins, que anda preocupadíssimo com "isto tudo", e pior que isso: "irritadíssimo". E agora vai tudo para a Polónia ?

Cuidado, porque o fatalismo descamba na nossa história do costume: damo-nos mal com sistemas democráticos.





Caminho para o trabalho


Só mais um passo, mesmo que o corpo diga não. Vamos, já é Dezembro.




(Jean-François Millet - Le Depart pour le Travail, 1851)

Olha bem os meus olhos


Não pode Amor por mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção falar concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.

Busca no rosto a cor que mais o ajude,
magoado parecer aos olhos pede,
pois quando a fala a tudo o mais excede
näo pode ser Amor com tal virtude.

Também eu das palavras me arreceio,
também sofro do mal sem saber onde
busque a expressão maior do meu anseio.

E acaso perde, o Amor que a fala esconde,
em verdade, em beleza, em doce enleio?
Olha bem os meus olhos, e responde

(António Gedeão)




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