Manifestos Eleitorais (III)
Se por um daqueles artifícios cómodos, pelos quais simplificamos a realidade com o fito de a compreender, quisermos resumir num sindroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo. O facto é triste mas não nos é peculiar.
O provincianismo consiste em pertencer a uma civilzação sem tomar parte no desenvolvimento superior dela - em segui-la pois mimeticamente, com uma subordinação consciente e feliz.
(...) O amor ao progresso e ao moderno é a outra forma do mesmo característico provinciano. Os civilizados criam o progresso, criam a moda, criam a modernidade; por isso lhes não atribuem importância de maior. Ninguém atribui importância ao que produz. Quem não produz é que admira a produção.
(Pessoa - Ensaio. Lisboa, "O Notícias Ilustrado", Ano 2, N.º 9, 12 Ago. 1928)